Escrito e realizado por Sacha Gervasi,a produção da HBO que estreou em novembro/18, conta a história da vida de Hervé Villechaize, ator que ficou conhecido pelo papel de Tattoo no seriado a ilha da fantasia.
Mesmo com a inegável qualidade das produções do canal, essa nova cinebio roteiriza seu protagonista sem quase nenhuma qualidade empática fazendo com quem não conheceu seus trabalhos se pergunte o que foi que o transformou em celebridade na época, tendo em conta que a narrativa ao mesmo tempo em que enaltece a personagem por seu esforço de superação também a massacra humanamente.
Ao juntar duas histórias de vida conectadas por um jantar – uma fictícia, outra teoricamente real- o miolo torna-se confuso, nebuloso e até repetitivo, forçando a confecção de um padrão biográfico que apela para os momentos nostálgicos através dos flashbacks do início e apogeu da carreira do ator sem amarrar ou explicar questões importantes como o suicídio de Hervé, deixando muitos pontos em aberto, preferindo abrir mão da coerência em detrimento de algumas picardias aleatórias.
Com uma tímida reconstituição dos anos 90 já que a maior parte da cenografia é de ambientes fechados e uma série de planos bastantes formais da direção, é Peter Dinklage que faz o que pode em meio a diálogos inconsistentes que acaba trazendo alguma empatia para a personagem reiterando seu talento enquanto James Dornan convence como seu interlocutor embora sempre esteja um tom acima de uma interpretação naturalista.
Assim, #MyDinnerwithHerve, que começa prometendo uma biografia carismática por conta da infância perturbadora da personagem e de suas superações, descarrila feio quando muda de linha para seguir numa abordagem mais tóxica na qual a fama em Hollywood seria a grande culpada pelos desvios de conduta de um ator tão frustrado e malévolo a ponto de tentar destruir a saúde, a vida e a carreira de seu entrevistador.
Pena!
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