O representante da Dinamarca no #Oscar2019, depois de ótimas criticas no Festival de Sundance, resulta num suspense eletrizante, totalmente inovador e não se podia esperar nada menos em se tratando do cinema Dinamarquês que já venceu a categoria com “Em um Mundo Melhor” (2010), surpreendeu o público em 2014 com “A Caça”, brilhou novamente em “Guerra” (2016), produziu o espetacular “Terra de Minas” (2017), só para citar alguns já avaliados aqui.
Ainda que o título brasileiro não corresponda “exatamente” ao contexto da obra - que é bem mais abrangente-, também temos mais um diretor e roteirista estreante nessa categoria, Gustav Moller, que já surge como grande revelação ao conseguir transformar seu trabalho minimalista em todos os sentidos fílmicos em um conga grandioso, tenso, questionador e provocador de reflexões com apenas um ator e um cenário. É incrível que Moller consiga, com tão poucas ferramentas, arrastar o espectador para dentro da sua estória apenas engendrando experiência imagética e mantê-lo cada vez mais dentro dela sofrendo vários impactos emocionais.
Com um plot muito simples, levemente similar a “Chamada de Emergência”-2013, sobre o policial que, no centro de emergências recebe a ligação de uma mulher sequestrada, a direção e roteiro constroem um thriller de formato inédito ao nos convidar a imaginar os fatos junto com o protagonista surpreendendo-nos com alguns “plot twists” chocantes ampliados pela edição de som perfeita e uma atuação impressionantemente gradualista do ótimo ator dinamarquês Jakob Cedergren que, ao longo de uma hora e vinte minutos, mantém o tom exato enquanto a câmera capta suas emoções em grandes close-ups e alguns planos detalhes.
Com um pequeno início propositadamente monótono, #TheGuilt salta para a evolução da tensão de maneira tão engenhosa que, protagonista e público, de forma absolutamente orgânica, experimentam um frenesi de emoções que invariavelmente os leva a se sentirem também culpados enquanto o pico de tensão mantém-se num crescente angustiante elaborando elucubrações sobre como todos nós tendemos a formar opiniões sobre as pessoas de forma muito precipitada.
Assim, #Denskyldige, com sua estética e narrativa inusitada, sua sutil crítica a burocracia desumanizada do sistema, também nos serve como alerta sobre os perigos, os erros e as graves conseqüências de uma imaginação exacerbada.
Vale cada momento!
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