Rachel e Nick namoram, mas pouco sabe ela da família de seu namorado, de quem pouco ele fala. Aproveitando que será padrinho de casamento de seu melhor amigo em Singapura, ele a convida para o acompanhar à cidade, onde ela conhecerá sua família podre de rica, que a discriminará por pertencer a outra classe social e ser americana.
A sinopse aponta para um enredo tipo de Cinderela, do qual muito já se viu. Porém, desloca o centro do estereótipo hollywoodiano padrão, branco, rico, bem-sucedido, para os asiáticos, também ricos e bem-sucedidos. A primeira cena, na Londres dos anos 90, já denota a penetração do ocidente pelo oriente, quando Eleanor Young é discriminada pelos funcionários do seleto hotel que está adquirindo. Já em Singapura, o roteiro brinca com os diversos tipos e origens de preconceitos, cultural, socioeconômico, entre outros, descrevendo a alta sociedade singapuriana, que pouco difere da de qualquer outra em sua empáfia, frivolidade e discriminações, e ilustra, no jogo entre Rachel e Eleanor, que suas vítimas são, muitas vezes, também, seus perpetradores. Organicamente, o texto contextualiza os espectadores para os aclimatar na cultura oriental.
A direção Jon M. Chu não se destaca, mas também não peca, trazendo tomadas e planos interessantes da paisagem. Constance Wu e Henry Golding entregam atuações competentes. Michelle Yeoh e Gemma Chan são os grandes destaques do elenco, a primeira, a vilã, a segunda, quebrando paradigmas, com as justas tensões dos conflitos cênicos. Awkwafina, Ken Jeong e Nico Santos são os principais contrapontos humorísticos da trama. A fotografia, ótima, valoriza particularidades orientais, a música ilustra, melhor, a influência ocidental no oriente, a arte e a edição são excelentes.
Uma simples trama, em prisma oriental, mostra que a profundidade do intercâmbio cultural, no mundo globalizado, é imensa, delimitando um espaço na indústria cinematográfica americana jamais imaginado. Vale assistir.
PS: Em cartaz.
TRAILER