Com mais de vinte e cinco prêmios no currículo, essa obra inteligentíssima parte da queda do muro de Berlin para analisar as conseqüências da troca de regime para o povo da Alemanha comunista.
Dirigida por Wolfgang Becker e com o grande Daniel Brühl encabeçando o elenco, o roteiro enfoca a hedionda censura que ocorria no país enquanto nos conta um drama familiar espetacularmente bem narrado onde o amor filial é o guião de toda a estória que, brilhantemente se utiliza de um contesto sócio-político para nos falar sobre relações familiares em tempos de opressão.
Por certo, para narrar um momento histórico juntamente com situações familiares, o roteiro se desenvolve por um caminho onde a fantasia interage diretamente com a realidade criando momentos ficcionais que sustentam o tom levemente cômico em equilíbrio perfeito com o drama utilizando-se de uma reconstituição de época e fatos primorosa, seja através da fotografia, seja através das imagens externas ou, também, num trabalho de cenografia portentoso e minimalista que, num conjunto fílmico aproximam os personagens e seus dramas do expectador de forma irreversível.
Com uma trilha sonora perspicaz que equilibra o potente drama impedindo que se torne dramático por demais, Good Bye, Lenin! é brilhante e sutilmente didático quando nos deixa muito claro que o comunismo ruiu por conta da ganância financeira dos políticos, apresentando-nos um dos mais sensacionais embates cinematográficos sobre a negação da realidade, através da confecção de uma miragem piedosa diante da impossibilidade de aceitação do novo, configurando-se num trabalho referencial obrigatório pela extrema relevância dos temas abordados que nos levam as reflexões profundas sobre a transição dos modelos políticos inserindo-se em um patamar não apenas atemporal como muito atual.
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