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Foto do escritorCardoso Júnior

Os Anos Dourados– França- 2017

Atualizado: 22 de ago. de 2020


Baseando-se numa história verídica extraída do livro La garçonne et l’assassin lançado em 2011, o diretor André Téchiné homenageado no Festival de Cannes 2017 por seus 50 anos de carreira, exibiu essa adaptação cinematográfica como “ hors-concours” causando muitas expectativas no público e imprensa.

A interessantíssima proposta de fazer um estudo de caso sobre uma personagem transgênero nos anos 1914 a 1928 aguça a curiosidade da platéia pelas excelentes interpretações, pela belíssima fotografia, a mais que requintada cenografia e figurinos de época mesmo que o roteiro consiga deixar uma sucessão de vácuos narrativos e uma série de perguntas na cabeça do expectador mal logrando algum sucesso na rasa imersão de personas tão interessantes. Que pena!

Na verdade, o engano já começa na tradução do original “Nos Années Folles” que sendo “ Nossos Anos Loucos” se aproximaria muito mais da história do casal Paul e Louise Grappe e de uma evidente alusão a loucura que foi a era do jazz na qual eles também viveram. Quem leu o livro sabe que o protagonista foi pessoa muito conhecida nas noites boêmias de uma Paris pós- guerra e que após sua anistia como desertor, contava sua “aventura” como mulher em um teatro local e, é justamente o mau aproveitamento desse arco que gera belas cenas e muitas confusões na cabeça do público em virtude dos tempos cênicos – Teatro e realidade- nunca coincidirem.

Assim, a história da esposa que salva a vida de seu marido para perdê-lo para outra “personalidade” salta aos olhos do mais inexperiente cinéfilo como algo imensamente instigante, com enorme potencial dramático, tecnicamente muito bem realizado, mas que as estranhas e errôneas escolhas do roteiro resultam em um trabalho bastante irregular.

Contudo, #GoldenYears não é nenhuma perda de tempo e merece ser conhecido.

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