Sophie está de volta à Kalokairi, ilha grega, onde fica a pousada de sua mãe, com a missão de realizar os sonhos de Donna para o local, mas no processo retoma a história materna desde sua formatura na Universidade de Oxford, com suas fiéis escudeiras, Tanya e Rosie, até a sua concepção e batizado, traçando um paralelo entre as linhas temporais passada e presente. O roteiro de Ol Parker transfere a luz de Donna, já madura, para sua filha Sofie e para sua própria lembrança, jovem, recém-formada e em busca de aventuras, nas quais conhece Harry, Bill e Sam, nessa ordem, e desvela as tramas por trás dos famosos três pontinhos, no seu diário, que tanto aguçaram a curiosidade de Sofie, no primeiro filme, em relação aos seus três possíveis pais. E, também, acolhe, ainda mais, o formato de musicais, concedendo maior prevalência para o espetáculo do que para a dramaturgia, que fica em segundo plano. Contudo, a fórmula funciona, pois tanto Amanda Seyfried, que possui formação lírica, e, especialmente, Lily James, detentora de uma bela voz, angariam a empatia do espectador, não somente por seus desempenhos musicais, mas por seus carismas e pela simetria dramatúrgica das personagens.
Há, também, o grande mérito da direção de elenco, que escalou os excelentes Hugh Skinner, Josh Dylan e Jeremy Irvine, nos papéis dos jovens Harry, Bill e Sam, vividos, na maturidade, respectivamente, por Colin Firth, Stellan Skarsgård e Pierce Brosnan, que acabam sobrepujados por suas versões mais jovens, e as empáticas Alexia Davies e Jessica Keenan Wynn, como as jovens Rosie e Tanya, interpretadas, quando adultas, por Julie Walters e Christine Baranski, que colaboram bastante para a funcionalidade do enredo. Ainda assim, o filme é excessivamente longo para a parca dramaturgia, e acaba por se tornar um tanto espalhafatoso para a manutenção da atenção, trazendo novas personagens como o Fernando Cienfuegos, interpretado por Andy Garcia, seu irmão Rafael, e Ruby Sheridan, vivida pela, única e notável, Cher, que, além de ainda cantar bem, não se esqueceu do ofício de atriz.
Ol Parker não tem pulso forte na direção, que funciona graças à experiência de parte dos atores e ao talento da grande maioria. A música dispensa comentários, não seria um bom musical se não fosse, minimamente, maravilhosa; a fotografia é excelente, distinguindo os dois fluxos temporais, idem, a arte; e a edição é impressionante. Lá Vamos Nós de Novo repete e acentua a fórmula musical do primeiro filme, e é mais interessante nas trajetórias dos jovens Donna, Harry, Bill, Sam, Rosie e Tanya, vividos por talentosos atores, com maior destaque para a bela Lily James; e contadas sob a condução das contagiantes músicas de Abba. Vale assistir. PS: Em cartaz.
TRAILER