Tendo sido escolhido para a seleção “Premieres” do Festival de Sundance 2016, e baseado no livro Wild Pork and Watercress, o conhecido diretor Taika Waititi (Thor: Ragnarok), parte do clichê do arquétipo do pai austero e severo para construir um delicioso road movie cativante, repleto de humor inteligente e diálogos gostosos que imprimem sua reconhecida marca autoral.
Ainda que transite por temas complicados como o abandono infantil e morte, a pegada do roteiro no melhor estilo fábula de aventura narrada em capítulos e com um ar de “sessão da tarde” ainda que seja previsível em seu andamento, consegue com maestria manter o pico de atenção do expectador do início ao final muito por conta da simplicidade narrativa e das belas lições de vida que tocam os corações.
Centrado integralmente nas belas florestas neozelandesas que, por sua vez, funcionam também como um personagem, a jornada do impagável delinquente juvenil acompanhada pelo seu ranzinza tio adotivo também se configura numa busca inconsciente de amor e identidades por dois seres sem conexão emocional alguma, resultando num trabalho harmônico e visualmente muito bonito com suas deslumbrantes tomadas aéreas.
O estilo marcante do diretor é notório na primorosa edição que estabelece corretamente a passagem do tempo, em uma duração exata, na contrastante trilha sonora, nas referências que permeiam vários aspectos culturais, nas mais que bem montada perseguições de carro por belas planícies e, naturalmente, por interpretações cativantes dos dois protagonistas que nos provam que um enredo simples pode sim ser trabalhado de maneira leve e muito criativa a ponto de construir uma trama dramática sobre amadurecimento com senso de humor, muita leveza de espírito em meio a situações inusitadas
“#HuntfortheWilderpeople” é um trabalho contemplativo, emocionante, divertido e confeccionado com tamanho esmero que vai te deixar com um sorriso nos lábios.
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