Sherlock, House, Mind Hunter, River… A lista continua, e se você, assim como eu, assistiu e gostou destas, é bem provável que The Alienist (O Alienista), seja exatamente a série que você estava esperando, apesar dos pesares.
Há quem, de fato, tenha preferências por séries e filmes com ambientações específicas, mas é inegável que o séc. XIX, riquíssimo em tantos aspectos quanto possível, seja palco para grandes produções, e não é só ao tamanho que estou me referindo. Pois bem, a série, ambientada em uma Nova Iorque no século em questão, mais especificamente em 1886, retrata uma investigação criminal em busca de um serial killer que faz de suas vítimas, adolescentes prostitutos. Bem até aí, “nada de especial”, inclusive se esta fosse sua única “característica”, talvez não estaria aparecendo por aqui. Mas quem conduz toda a investigação, dada a irresponsabilidade (e corrupção) do departamento de polícia da cidade, é o alienista Laszlo Kreizler, interpretado aqui magnificamente por Daniel Brühl, e é aí, que a série brilha, ou ao menos, deveria. Acompanhado por um ilustrador jornalístico interpretado por Luke Evans e pela secretária do comissário de polícia, interpretada por Dakota Fenning, desenvolvem juntos um método de pesquisa que seria responsável pela criação das primeiras técnicas da psicologia na investigação criminal, utilizando de todos os artifícios possíveis, e impossíveis, para encontrar o criminoso.
Como o próprio nome diz, toda a investigação se basearia em entender a mente do assassino, entender como, onde, quando e porquê de seus brutais assassinatos, e de fato, é assim que toda a série funciona, não só quando o foco é em desvendar seu cérebro, mas também quando os próprios personagens, com suas histórias e segredos, são “alvos” do mesmo método. Acontece que, faltou... Pois é, lembra da lista lá em cima? Embora House seja, a princípio, uma série médica, os inúmeros diálogos existentes que abordam questões comportamentais, sentimentais, a mente e todo esse enorme e complexo universo, faz com que aqui, em O Alienista, você sinta falta de mais disso. A trama, contada de maneira dinâmica, talvez servisse para não confundir e cansar o espectador, com um suposto excesso de informações técnicas e discussões “aprofundadas”, mas a verdade é que essas questões deveriam ser abordadas sem nenhum tipo de amarras, claro que dentro de certos limites, afinal, não estamos falando de aulas de psicanálise, ok. Porque se o diferencial da série é esse, vai sobrar o que se isso faltar? Além disso, os mais observadores, vão notar que a série possui também algumas insuficiências narrativas como arcos mal resolvidos ou até mesmo sua falta de coesão da história como um todo.
Mas então, o que faz O Alienista ser bom?
Sua linguagem audiovisual. Além do perfeito design de produção que dispensa comentários, a belíssima combinação entre seus aspectos permite uma imediata imersão no universo da série. E não, não é só por estar situada no século XIX que sua beleza plástica seria garantida. Há um enorme esforço, e muito bem recompensado, em trazer essa perfeição estética. A fotografia, que com uma câmera fluida e cenários escuros de baixa iluminação, ressalta os becos corruptos e tenebrosos das noites em Nova Iorque combinada com uma trilha sonora, quiçá digna de premiações compõe a atmosfera de suspense e tensão, tudo isso, em uma medida tão perfeita, que só assistindo para ver.
Então veja, pois apesar de falhas na estrutura da história, a beleza, em praticamente todos os aspectos desse thriller psicológico, o trabalho fenomenal do elenco e de uma equipe absurdamente competente, o torna realmente especial, e digno de ser assistido. Afinal, expectativas foram satisfeitas por aqui, e espero sinceramente que O Alienista consiga surpreender a quem merece ser surpreendido.
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