Quando Rubens, um professor de natação infantil, é acusado de abuso por um de seus alunos, vê sua vida virar do avesso, em meio a perseguições, tanto virtuais quanto reais.
A sinopse aponta para uma trama interessante, contudo o roteiro não alça os mesmos voos, pecando na falta de verossimilidade em diversos níveis: processualmente, quando nitidamente observa-se que os procedimentos tanto dentro do clube, como da polícia não correspondem a realidade. Mesmo no Brasil, é difícil acreditar que o pai da vítima acompanharia a polícia ao clube para convidar o acusado a depor ou que o clube não colocasse o professor em licença até que o assunto fosse esclarecido; e emocionalmente, quando muitas personagens parecem anestesiadas diante dos fatos, o professor inclusive.
Interessante é a forma como o roteiro mostra o papel das redes sociais para acusar, difamar e caluniar pessoas, vale a reflexão, contudo essas não são necessárias para tal alarde, vide o caso real da Escola Base em São Paulo na década de noventa, onde crianças e pais, em histeria coletiva, acusaram seus donos de pedofilia, destruindo suas vidas, onde as impressas escritas e televisionadas fizeram às vezes das redes sociais.
A direção é infantil, realizando planos “diferenciados” almejando demonstrar profissionalismo ou destaque, mas acaba por se mostrar apenas fraca. Vide o plano na sala da diretora do clube que começa atrás de uma jarra d’água fervendo que jamais aparecerá novamente e não terá função cênica ou da parada brusca da câmera sobre os ombros de Rubens, quando esse caminha para o clube no início do filme e a personagem segue, causando certo incômodo. Apesar das personagens e diálogos serem inverossímeis, os atores, individualmente, conseguem transmitir mais do que suas falas. Nesse sentido, Daniel Oliveira está excelente no papel principal, Marco Ricca e Malu Galli estão ótimos como pai e diretora do clube, respectivamente. Atenção à brilhante participação de Clarissa Pinheiro, em papel descartável, que rouba a cena e as únicas risadas do público no filme. A fotografia é interessante, especialmente a subaquática, a música é muito boa e a arte e edição são competentes.
Tão delicado assunto implora por maiores profundidades de enredo, personagens e diálogos, e a superficialidade vista acaba por comprometer todo o resultado, mesmo quando a trama abruptamente termina, deixando a reflexão ao espectador, mas apontando, nitidamente, a culpa do protagonista.
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