Tendo sido selecionado entre os nove candidatos a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2017 e, vencedor do Leão de Prata de Melhor Diretor no Festival de Veneza 2017, “ Paradise” é uma belíssima homenagem em preto e branco aos emigrantes Russos que sacrificaram suas vidas para salvar crianças judias do holocausto.
Ok, você pode estar pensando: Ah, não, outro filme sobre holocausto? Engano! A genialidade da direção e do roteiro focam, para os mais sagazes, a questão de como seria a vida de todos nós caso uma situação levada ao limite extremo se interpusesse no nosso caminho, seja para despertar o melhor de nós ou mesmo o pior.
Analisando detalhadamente a história de três personagens cujas vidas se entrelaçam durante a Segunda Guerra Mundial, seus passados tranquilos dentro do paraíso e o presente dentro do inferno, alternam de forma inteligente a narrativa, misturando depoimentos diante de uma câmera estática e cenas movimentadas dentro de um campo de concentração nos levando rapidamente a nos perguntar: Para quem estão depondo?
Resposta essa que só nos chega após as duas horas de projeção de forma surpreendente e inesperada.
Eis um caso brilhante onde a narrativa e o desenvolvimento não só perseguem seu título como o desenvolvem através de várias lentes e camadas interpretativas com profunda ironia e tricotomia provocando vários questionamentos e, por que não, julgamentos do expectador enquanto acompanha um bem engendrado jogo entre lembranças e confissões.
Esteticamente composto de enquadramentos belíssimos muito favorecidos pela película Preta & Branca e suas nuances de claro e escuro e, interpretações realistas e fortes “Pan” consegue com maestria misturar elementos de horror com sublime poesia embalada por trilha sonora mais que competente nos deixando questões pessoais sobre nossa forma de compreender o conceito de paraíso e a relação entre a deidade e a criatura.
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