Ceifados seus sonhos de ser bailarina em um suposto acidente, Dominika Egorova é aliciada por seu tio, um alto executivo da inteligência russa, a participar de uma ação, que acaba por envolvê-la em segredos de Estado, sobrando-lhe como única opção ser recrutada pela agência e ser enviada para a “Escola de Sparrows”. O que deveria ser uma academia de espiões, revela-se um treinamento psicológico-sexual que transforma seus discentes em agentes experts em sedução.
O roteiro revela uma trama intrincada, repleta de voltas e reviravoltas, digna de filmes de espionagem que tantos já vimos. Contudo, esse é desprovido da vivacidade de O Espião Que Sabia Demais, de 2011, estrelado por Gary Oldman, com o qual a comparação se faz inevitável, mostrando-se longo e cansativo. As cenas de nudez não são protegidas pela dramaturgia e, sendo mais estéticas do que representativas, fazem-se um tanto levianas. A direção de Francis Lawrence não é diferenciada, mas costumeira. Jenifer Lawrence entrega uma personagem russa com sotaque característico, sem abrilhantamentos ou falhas, apenas competente. A atriz engaja-se em cenas fortes de nudez sem respaldo dramatúrgico, ou seja, onde essas poderiam ser evitadas por outras soluções, talvez até, de maior impacto. Surpreende, visto seu envolvimento nos movimentos antiabuso, que não tenha critérios mais rígidos, quando outras atrizes em seu lugar foram muito mais cautelosas. A atuação de Joel Edgerton é, também, apenas competente, decepcionando um pouco.
A sagacidade, que carece no roteiro, exorbita na seleção do elenco coadjuvante, no qual Charlotte Rampling, Mary-Louise Parker, Ciarán Hinds, Joely Richardson, Bill Camp e Jeremy Irons roubam a cena, apesar de terem seus potencias subutilizados. A fotografia, edição, música, arte e outras áreas técnicas compõem um conjunto coeso, mas sem qualquer destaque.
Os amantes do gênero irão encontrar uma trama bem amarrada e um filme bem feito, mais propenso ao romance do que ao suspense, mas que prende a atenção e acaba por proporcionar uma experiência agradável, digna de nos levar à sala de projeção.
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