Quando histórias para assustar crianças e contos com criaturas místicas e fabulares passam pelo processo de “ocidentalização cultural”, o que nos sobra, aparentemente, é uma chuva de felizes para sempre. Sim Disney, estou falando de você! O que Revolting Rhymes faz, e faz muito bem, é trazer para este “abestalhado” e novo universo de fábulas, um pé, e quem sabe até dois, de suas fontes originais, fazendo uma releitura dos clássicos contos de Charles Perraut e dos Irmãos Grimm sem, sendo bem enfático aqui, abandonar traços culturais muito bem solidificados aqui, no séc. XXI. Então, como se trata de contos de fadas “reescritos”, teremos mais do mesmo? Quase. O curta monta uma narrativa sólida, que diverte sim. Seja pelos ótimos diálogos construídos em rimas (vide o título), ou pelas “novas” personalidades atribuídas aos personagens, o fato é: temos uma ótima animação aqui, mas que infelizmente deixa a desejar em alguns momentos, justo aqueles que fazem este conto brilhar. As rimas, que poderiam nos dar apenas deleites durante os rapidíssimos quarenta e poucos minutos, acabam sendo repetitivas e apagando um pouco da magia envolvida no desenvolvimento da obra, além é claro das nada inusitadas novas caracterizações dos personagens, trazendo mais do mesmo, de novo. Se você estava esperando alguém lhe indicar uma nova perspectiva sobre contos de fada, pode ser que este indicado a melhor curta de animação ao Oscar seja exatamente o que você estava procurando, pode ser que sim. Mas caso, assim como eu, você esteja meio saturado desta ocidentalização das coisas, esteja avisado.
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