Ao Karl Marx encontrar Friedrich Engels, nasce uma sólida amizade, que germina em um trabalho que mudaria o mundo como era conhecido: O Manifesto Comunista. O Jovem Karl Marx aborda o período entre o encontro dos dois pensadores, em Paris, 1844, e a publicação do referido manifesto em 1848. A trama narra o florescer das associações de trabalhadores, em paralelo ao da Revolução Industrial, no qual diversas correntes filosóficas discutiam propostas para rever as relações de poder entre a burguesia e o proletariado, onde, internamente, as divergências de pensamentos e pensadores germinavam e longas amizades eram ceifadas no calor das discussões político-filosóficas que culminaram na criação da Liga Comunista e na publicação do famoso Manifesto. O fio condutor do roteiro de Pascoal Bonitzer e Raoul Peck é a amizade entre Marx e Engels. Bastante didático, e sem grandes reviravoltas, sua narrativa é competente e funcional. A direção é habilidosa, mas sem diferenciais. A atuação de August Diehl como Karl Marx é muito boa, contudo sua compleição não condiz com a de um homem entre vinte e seis e trinta anos. August tem quarenta e um. Stefan Konarske, também fora da faixa etária de sua personagem, Friedrich Engels, convence um pouco mais, apesar de sair dessa, transparecendo suas emoções, em cenas como a da criação da Liga Comunista. O resto do grande elenco é competente, raras as exceções. A arte – cenários, figurinos, etc. – é delicada. A concepção e realização da fotografia são excelentes, a edição, música e o som, competentes. O Jovem Karl Marx torna-se de grande relevância na contemporaneidade, não por seu conteúdo, já que o mundo vivenciou esses pensamentos, essas filosofias, e é notório, na atualidade, suas consequências, mas por instar a premência de pensadores e pensamentos sobre as mesmas relações, pela demanda de crítica sobre essas e, também, de novas proposições, sob pena de ficarmos oscilando, debilmente, entre esquerdas e direitas radicais e mais do que ultrapassadas. Vale assistir, vale pensar.
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