Por ser a Istambul, a capital da Turquia, conhecida mundialmente como a “Cidade dos Gatos” por conta dos milhares de felinos que vivem soltos pelas ruas, praças, telhados e, qualquer lugar que se possa olhar, a diretora turca, Ceyda Torun, teve a interessante ideia de traçar um perfil sócio - cultural- religioso do povo turco a partir de seu respeito, cuidado e admiração pelos felinos. Lançando mão de sete histórias de sete gatos e seus respectivos cuidadores, o mais interessante mesmo fica por conta da narrativa que, invertendo os papéis, conta-nos sobre o cotidiano de uma cidade cosmopolita sob a ótica de seus bichanos. Que ninguém espere ver os ditos felinos domesticados e ou caseiros já que, nessa cidade em particular, toda a população acredita que são seres livres, que podem afastar energias negativas e portadores de muita sorte, assim, os mantêm cuidados, bem alimentados, tratados com enorme carinho, mas jamais aprisionados. A premissa é bastante original e poderia resultar em algo inovador dentro do gênero, mas a repetição monocromática das cenas acaba levando o trabalho para uma zona enfadonha até um final inconclusivo. Talvez, se a questão religiosa nos depoimentos fosse mais aprofundada, unindo-se aos belos planos abertos de Istambul, essa engenhosa proposta e esse trabalhoso desafio de uma hora e quinze minutos, lograria êxito maior não ficando restrito a um público muito específico, encontrando mais força para, realmente, chegar ao Top Five do Oscar 2018, algo que duvidamos bastante. Seja como for, “#Kedi” com sua originalidade, seu tom leve e nada apelativo, serve como um belo exemplo de como amar os animais sem jamais humanizá-los, respeitando suas essências e temperamentos individuais.
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