Com inúmeras criticas positivas da imprensa mundial que chegou até a classificá-lo como o “filme de terror do ano”, podem ter certeza de que não é não, embora isso não o desqualifique de um tenso, originalíssimo e ótimo trabalho.
Mas o que seria um filme de terror? Aquele formato que fomos “condicionados” a entender como, repleto de jump scares, sustos fáceis com trilha sonora indutiva e preparatória, reviravoltas, muitas surpresas e alguns clichês? Talvez, mas que fique muito claro, para não haver frustrações, que essa não é a linha e, tão pouco a proposta deste ótimo “It Comes at Night”!
Ainda que seja mais um trabalho que parta da premissa “seres humanos enclausurados”, é com um quase nada de estória que o roteiro desenvolvido pelo diretor, Trey Edward Shults, foge das convenções de gênero apostando em elenco com poucos personagens, ritmo bem lento, poucas ações, fotografia clássica, edição nada frenética e sim, atuações bastante intensas. Muito intensas!
Com fortes apostas no inusitado, a narrativa altamente realista tendo como pano de fundo um cenário ficcional-apocalíptico, nega, o tempo todo, para o espectador maiores explicações deixando-o livre para acompanhá-la pelos caminhos das inúmeras probabilidades sem jamais elucidá-las.
O passado e o futuro de uma realidade assustadora por si só, dispensam a armadilha do didatismo fácil, confiando mais no poder dos conflitos, na angústia dos dramas pessoais e na aura inquietante das suposições, conjecturas e paranoia que paira todo o tempo sobre nós.
A mistura entre pesadelos e realidades rastejando pelas sombras, a gama de ameaças e perigos invisíveis mas palpáveis, o clima tenso das desconfianças que se agigantam entre personagens intrigantes, vai construindo na sutileza dos detalhes não apenas um Thriller, mas um drama surreal com elementos palpáveis do básico, elementar e primário instinto da sobrevivência humana.
Ao Cair da Noite é tão bem construído em sua simplicidade que, ora vejam só, ousa dispensar o clímax da narrativa, mas mantém o pico de tensão tão coeso que, ao final, só nos resta reconhecer a sensação de angústia que sentíamos e que permanecerá conosco mesmo depois das luzes acesas.
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