O tão esperado, falado e polêmico trabalho estrelado por James Franco sobre a vida do ex-ativista das causas LGBTS e ex-gay, Michael Glatze, tem todos os ingredientes para ser respeitável pela gama de assuntos controversos que aborda, mas falha miseravelmente na ligadura dos temas fazendo um retrato apressado e desfocado não só do biografado, mas de todas as questões mega importantes que estão no roteiro.
O portentoso e ainda atual drama da sexualidade x religião, onde algumas, com suas nefastas lavagens cerebrais onde o “pecador” será irremediavelmente condenado ao inferno, por si só, seria suficiente para construir um grande filme, mas a inserção ou melhor, alusões a traumas de infância mal resolvidos e, o tratamento superficial dado a uma das doenças que mais assolam o mundo – O Pânico-, faz com que, #ImMichael, seja uma construção que vai deixando seus pedaços pelo meio da narrativa.
Ok, que James Franco tenha uma atuação meramente aceitável na pele do gay convicto e militante que torna-se heterossexual, mas as reais e mais profundas motivações para o salto tão radical, sempre ficam, pendentes, de uma causa plausível e palpável.
Assim, é lamentável que temas contemporâneos e de suma importância social e psicológica tropecem numa direção insegura (mesmo com boa reconstrução de época), e em um roteiro que usa uma interessante cine-bio para tão somente polemizar sem sustentação alguma, utilizando-se de uma abordagem tangencial e superficial exemplificando como desperdiçar uma ótima oportunidade de ser um estudo de uma vida levado a sério em troca, apenas, de provocações vagas que desperdiçam a oportunidade de gerar debates sem nem mesmo atingir o objetivo de “chocar” e, embora a cena final seja genial, não há mais tempo de salvar o todo.
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