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Foto do escritorCardoso Júnior

A Chegada- EUA -2017

Atualizado: 17 de ago. de 2020


Partindo do conto “Story of Your Life” o mais que genial Denis Villeneuve constrói uma reinvenção aprimoradíssima do gênero ficção científica excluindo todas as boushits dos blockbusters entregando um trabalho monumental para cabeças pensantes e que, por isto, não agradará a todos.

Antes de mais nada é necessário deixar claro, para que não aconteçam grandes decepções, que não existem espaçonaves bombardeando o planeta, batalhas galácticas nem alienígenas bizarros / conquistadores e, os famigerados efeitos visuais mirabolantes. Ir em busca disto será frustração garantida.

Isto posto, e só depois de alguns debates internos, fica nítido que roteiro e direção preferem transitar muito mais sobre questões humanas muito atuais bem como costurar o fio narrativo na filosofia;particularmente em Nietzsche. Brilhante!

O mais interessante fica por conta do que o roteiro, direção e designer de produção vai sugerindo discretamente através da profusão de formas curvas que remetem claramente a teoria do “Eterno Retorno” (ciclos sem fim que se repetem nas nossas vidas independentes do presente, passado e futuro- bem resumidamente-), pode confundir ou deixar em aberto o entendimento mais profundo da obra, mas também é a chave que, como a linguagem falada, escrita ou gestual, conecta não só todos os humanos como todas as pontas do consistente, sutil e profundo enredo.

De formas sempre genial, o primeiro ato mistura com eficácia elementos como tensão, medo (nunca terror) e incertezas, apostando muito mais nos silêncios que vão despertando enorme curiosidade pela sequencia, levando a um segundo ato onde predominam a curiosidade humana frente das infindáveis incógnitas do universo externo e interno, temporal e atemporal sempre com uma câmera ágil num jogo fotográfico belíssimo de contrastes entre luz e sombras.

Com montagem perfeita e edição exata, as subtramas e personagens secundários (importantíssimas) jamais competem com o eixo central servindo de complemento, sempre na medida exata, para a compreensão das reações humanas / governamentais quando regidas pelo medo do desconhecido e do imponderável. Em pratos bem rasos pode-se entender o conceito do: “Se eu não te entendo, fim das negociações, eu te dominarei para manter o controle”.

Assim, enquanto o espectador permanece silencioso e hipnotizado pelo mistério e curiosidade, acontece o último ato que pode arrepiar ou desagradar com a súbita guinada conceitual que porá por terra a linha de raciocínio tão bem elaborada até então, deixando-nos, ou não, com a frustrante sensação de: “Não entendi” .

Ok, “Arrival” esmaga o conceito de cinema entretenimento sem conteúdo, dando um salto tão genial quanto espetacular em direção às complexidades, desafios e incertezas daquilo que habitualmente e superficialmente conhecemos como raça humana.

Ps 1: Uma segunda visita a obra poderá mostrar sua real profundidade.

Ps 2: Amy Adams garante sua indicação ao Oscar 2017

Ps3: Com certeza Blade Runner está em magníficas mãos.

TRAILER



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