O segundo longa do diretor e roteirista Tom Ford responsável pelo excelente “Direito de Amar” (2009), e vencedor do Prêmio do Júri no festival de Veneza 2016 é mais que interessante de ser visto não apenas pelo roteiro adaptado da literatura contemporânea, mas pela perfeita atmosfera psicológica, decupada em várias camadas que vão construindo o pico de interesse e de tensão. A inteligente e sagaz premissa de transitar, alternadamente, por três estórias ficcionais muito bem costuradas e editadas, surpreende o espectador desde o início somada as interpretações consistentes de Amy Adans, Jake Gvllenhaal, (em duplo papel), Michael Shannon e Aaron Taylor-Johnson (a melhor de todas), atingindo o raro mérito de prender a atenção do início até seu ambíguo final. Com estética primorosa no que diz respeito à fotografia, figurinos, cenografia, planos e enquadramentos, a narrativa segue brincando e instigando o publico com sua mais que tênue linha que separa a ficção da realidade, muitas das vezes confundindo ambas propositalmente para a manutenção da atmosfera e evolução dos dramas dos protagonistas. Por isso tudo e por tudo isto, “#NocturnalAnimals” não se configura em obra de fácil entendimento mesmo que, em momento algum, tenha uma “pegada” de hermetismo, mas em tempos de distrações rasas, há que ser acompanhado com bastante atenção e certa disposição para gastar alguns neurônios uma vez que roteiro e narrativa botam por terra, todo o tempo, toda e qualquer previsibilidade sequencial. Ah sim, independente da espetacular seqüência fílmica, ainda pode-se pensar sobre as relações afetivas, preconceitos de classe, acertos e desacertos da instituição “casamento”, sobre decisões tomadas e arrependimentos no melhor e indeciso lado humano, bem como no âmbito do decidido lado animalesco. Há mesmo uma inteligentíssima, genial e inusitada vingança na cena final? A resposta deixaremos em aberto e para o entendimento individual...
PS: Para cinéfilos, há o delicioso plus de uma cena com a ótima Laura Linney.
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