E, mais uma vez o genial Spielberg retoma seu tema predileto (guerra), o que nos leva a questionar se seria algo válido de se ver. Ao fim, descobrimos que não é só válido como também é uma obra prima no gênero. Partindo de fatos reais dos anos 1957 e 1962, quando pairava sobre o mundo a sombra tenebrosa da guerra fria e a paranoia de um conflito nuclear devastador, um homem (a exemplo de Lincoln e Oskar Schindler), acredita ser possível melhorar o mundo através de negociações. Portanto, diálogos impressionantes são o grande forte deste roteiro excepcional, ao se tornarem o grande fio condutor e revelador da narrativa em detrimento da imagem e, isto é inovador! Por se tratar, obviamente, de um filme sobre espionagem, inova também ao escapar, literalmente, do formato já batidinho dos filmes de ação ao estilo 007 e, ainda assim, o pico de tensão se sustenta ao longo de suas duas horas e 20 minutos. Primoroso, detalhista e minimalista na reconstituição de épocas, através dos figurinos, tem na fotografia espetacular outro ponto fortíssimo que acerta em cheio em tons “noir” alcançando uma estética rara no cinema atual.
A direção de Steven, opta e acerta através de uma linguagem visual que transita por várias tomadas com enquadramentos e planos espetaculares (evitando close ups), que complementam a narrativa, muitas das vezes fortificando um eloquente silencio através de simples olhares. (cena do metrô). Sem demonstrar grande interesse em “aprofundamentos de personagens”, o soberbo roteiro que acrescenta doses perfeitas de acidez e humor, não toma partidos, não opta por lados mantendo-se extremamente critico a guerra, sem apontar dedos e ou, entregar com facilidade quem é o mocinho ou o bandido. Óbvio que Tom Hanks está bem compondo sua personagem com toques de sutilezas geniais, mas quem lhe rouba o filme é o ator britânico Mark Rylance, com uma composição minimalista que torna-se impossível despregar os olhos dessa atuação. Embora "Bridge of Spies", nos conte sobre uma época que muitos desconhecem, o roteiro genial, conversa com extrema facilidade com todas as gerações nos seus três atos, apostando na mensagem simples do diálogo como forma de solução diante de grandes conflitos. "#Bridge" é Steven Spielberg fazendo uma ponte com o cinema de altíssima qualidade em todos os quesitos e, por tal, já nos fica claro indicações ao Oscar de melhor filme, direção, fotografia e ator coadjuvante, se pouco.
TRAILER