Eis um cinema “made in Bollywood”, que está mudando o curso do cinema Indiano no mundo com seu sucesso e recordes de bilheteria na América com faturamento bem além dos 3,5 milhões de dólares, algo que jamais ocorreu para uma produção Indiana, embora seja o cinema mais rentável do mundo suplantando em muito o mercado Hollywoodiano.
Ok, ok que é algo, talvez, fora dos padrões do gosto cinematográfico ocidental, geralmente pasteurizado para produções de outros países e narizes torcidos para novas concepções cênicas que abranjam culturas e costumes diferentes dos nossos. Que pena!
Pena porque Baahubali atinge ápices de mega produção ainda que aposte direto em CGI (computação gráfica), para contar uma estória que passeia com magia e maestria por múltiplos gêneros: Fantasia, ação, aventura épica, drama, amor, e musical, tudo, espelhado no imaginário fabuloso das fábulas e tradições do sul da Índia.
Com roteiro simples centrado em um reino de pura fantasia, com direito a cascatas deslumbrantes, suntuosos palácios, cidades inteiras e mulheres flutuantes, tem um dos mais fantásticos designs de produção dos últimos anos. Esqueçam “Avatar” ou mesmo Lord of the Rings, pois essa aventura épica é visualmente e incrivelmente superior em seu universo particular, explodindo em todos os matizes de cores e com atenção e exploração dos mínimos detalhes cenográficos beirando a realidade. Por certo, tamanho esmero nas raias do fabuloso, não poderia deixar de lado o esplendor dos figurinos e as riquezas dos adereços. Um deslumbre!
Isto posto, é bom deixar claro que os arcos dramáticos das personagens são, para olhos ocidentais, extremamente tênues e simplificados. Que ninguém espere ver grandes emoções nem no amor nem nos ódios já que, a questão do carisma das personagens é deixada em plano secundário. O amor acontece porque acontece sem maiores explicações e ponto. O vilão maldito é mau porque é mau e pronto e, você não vai precisar e nem conseguirá odiá-lo por isso. O grande espetáculo está no grande écran explodindo em seus olhos, assim como quando você era criança e fechava os olhos imaginando cenas que só você via quando te liam um livro mágico. O deslumbre em Baahubali está no imaginário caleidoscópico que independe da empatia para extasiar.
Diferente das demais produções Indianas que dão muitas ênfases à cantos e danças, aqui, eles foram reduzidos ao máximo e estão bem contextualizadas dentro da narrativa, tirando a sensação de “cansaço de tanta cantoria”, embora e, ainda assim, percorra mais de 150 minutos.
Também saltou-nos aos olhos que o ponto alto desta magnífica produção, uma monumental batalha, seja desprovida de fortes tensões e vigorosas emoções para te trazer junto para um lado ou outro. A pegada não é essa. O show está no preciosismo das imagens.
Com trilha sonora estrondosa, montagem e fotografia, “Baahubali” é mais que um convite aberto ao onírico; é êxtase para os olhos.
Agora, é aguardar a continuação que, certamente, virá mantendo o espetacular nível técnico para os amantes do grande cinema.
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