Ainda sem tradução no Brasil (como será?), eis um indie com magnífica fotografia, trilha portentosa e algumas atuações cativantes dentro do universo Queer. Não, não é um caso de falar de ausências de clichês de gênero, mas é um caso de falar que aqui, pelo roteiro, eles se enquadram e funcionam bem sem criar nenhum estereótipo optando por retratar pessoas comuns, ainda que belas, brancas e ricas; todas elas. O bem feito retrato de uma juventude americana atual (que caberia em qualquer lugar do mundo ocidental), seus traumas e conflitos com questões de abandono paterno, com foco na força da amizade como forma de superação das deficiências familiares, carências afetivas e buscas pela correspondência amorosa e aceitação, a transição sobre amores juvenis para relacionamentos mais adultos, uma gama de questões abordadas em um trabalho de baixíssimo orçamento que ousa passear em planos mais abertos e até mesmo espetaculares. Por certo, poderemos “pensar” sobre o não aprofundamento dramático da maioria do elenco de suporte, reclamarmos por eles não dizerem exatamente ao que vieram e de certa falta de sincronismo, mas o universo se mostra perfeito assim, como ele se manifesta; bem “Gossip Girl”, mas não importa. Jonathan Gordon seduz e cativa já na primeira cena e mantém um desempenho sensível e encantador durante os 89 minutos, enquanto Jason Ralph, mais profundo e manipulador, serve de contra ponto exato para estabelecer, não só o triângulo romântico, mas a difícil escolha entre amor platônico e relacionamento maduro. Assim, “Essas Pessoas" (?), ao transitar pelos caminhos da juventude alegre e impulsiva, inserindo transparência emocional descomplicada na narrativa, pela busca de identidade dentro de um grupo, além de bem realizado, é extremamente encantador ainda que seja a sua maneira. Independente de orientação sexual, “Aquelas Pessoas” (?), pela simplicidade e veracidade emocional agradará e provocará identificações e conexões em qualquer platéia que já tenha passado por alguma jornada de auto-descoberta. Sensível, leve, tão elegante quanto despretensioso e gostoso de ver, eis um fortíssimo candidato a filme “Cult” que ainda deixa bem claro como Gilbert O'Sullivan e suas canções jamais ficarão datadas.
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