Fazendo parte da grade do Festival Varilux de Cinema, “Avril et le monde truque”, chama a atenção por sua superioridade no mundo das animações diante de muitos desenhos lançados no mercado americano que bombardeiam as telas. Aliás, Jacques Tardi, que tem enorme tradição nesse segmento (Adèle Blanc-Sec), cria um plot interessantíssimo e um desenvolvimento gráfico altamente diferenciado. Focando a narrativa numa Paris utópica onde a eletricidade não foi descoberta e o mundo é abastecido pelo carvão, ainda, insere noções de química, biologia, muitas perseguições, muita ação, conceitos fundamentais de amor familiar em uma aventura que o adjetivo fantástico acerta em cheio. A genialidade de apresentar tecnologias estranhas no desenvolvimento, é algo admirável na construção de um mundo (e de uma situação), fantasiosa mas bastante realista alternando com o cerne de um desenho desenhado que foge bastante dos padrões conhecidos / batidos do fotorealismo. A “expertise” do roteiro que mantêm o foco na personagem “Abril”, vai nos conduzindo com muito interesse até o desfecho sem descuidar de ir, aos poucos, introduzindo temas altamente complexos que levarão uma platéia adulta á reflexão sem comprometer o encantamento infantil, conseguindo com estrema eficiência um feito que muitos tentaram e bem poucos conseguiram. Aqui, lamentamos que trabalhos deste calibre sejam relegados a planos inferiores e pouco espaço consigam nas salas de exibições. Ainda da tempo de saborear durante o Festival!
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