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Foto do escritorCardoso Júnior

Meu Rei - França - 2015.

Atualizado: 16 de ago. de 2020


O gênero romance, que transita por um amor avassalador, é um dos preferidos do cinema mundial e sempre retratado, após as “lutas” dos pares para vivenciarem seus sentimentos nos tipos que ou, “viveram felizes para sempre” e os que não deram certo mesmo. #MonRoi escapa dos paradigmas focando em um tipo de amor diferente, que não quer dizer inexistente e nem tão pouco ficcional. Até pode ser bem mais comum que os dois gêneros estabelecidos no parágrafo anterior. Com pegada psicológica onde, a incapacidade de optar entre ação e repulsão, entre esperança e temores, entre parar e continuar, que gera a incapacidade de agir concretamente, o roteiro muito bem amarrado, escapa do lugar comum com maestria prendendo-nos na narrativa inexoravelmente ainda que com seus 120 minutos. O recurso dos fhasbaks surge como perfeito auxílio à compreensão dos fatos, “distrai” da sensação de longevidade narrativa, amparado pela fotografia que separa bem as épocas e enquadramentos e planos bem distintos. O trabalho de Emmanuelle Bercot, (premio de melhor atriz em Cannes), na pele de uma mulher real, com sentimentos reais e facilmente identificáveis, se não alcança a categoria do assombroso insere-se no primoroso. A identificação com sua personagem; sua forma de amor, é inexorável. É muito fácil entender suas dores, alegrias e até justificá-las, pois você já pode ter sido a “Tony” em muitos momentos da sua vida em seus relacionamentos amorosos. Já Vincent Cassel, brilha, irrita e seduz sucessivamente em um tom de sinceridade e energia acima da média, oscilando entre o humor, a força magnética do “macho” repleto de pontos vulneráveis, marcando um dos grandes papéis de sua carreira por uma simbiótica química artística raramente vista no cinema. Quanto a Louis Garrel, no segundo plano, personifica aceitavelmente o papel do irmão que tudo vê, que tudo observa na difícil tarefa de alertar quem, dentro da ebulição das emoções obsessivas, não tem e não quer ter ouvidos para as vozes da razão Enfim, em “Meu Rei”, a direção acerta a mão em criar situações tão verossímeis que certamente conhecemos alguém que a vive ou viveu, sem cair na armadilha do banal sem transformar a mulher em vítima do homem (um dos geniais acertos), faz um trabalho realista, questionador, bastante incômodo, mas principalmente honesto sobre relações amorosas. Equidistando dos contos de fadas, ‘ Mom Roi” nos exibe a realidade das relações amorosas plenas e intensas sem fantasiar sobre a inexistências das magoas que fazem não só parte do amor, como todos os desgastes emocionais que tal sentimento, quando verdadeiro, nos cobra. Eis um trabalho só para quem tem mais de 40 anos bem vividos e apaixonados.

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