Histórias sobre imigrantes não são novidades no cinema, mas nessa sensível e delicada adaptação de obra literária, encontramos muitos méritos. Em tempos de acaloradas discussões sobre imigração, esse retorno a 1952, não só se torna atual como expõe os sentimentos complexos daqueles que deixam seus lares e familiares e partem sozinhos em busca de oportunidades em outros países. Com um roteiro linear baseado na simplicidade narrativa (o que o torna extremamente original nos tempos fílmicos atuais), sem nenhuma ação bombástica e nem reviravoltas, explora as emoções contidas dos personagens e do mundo ao redor de forma esplêndida através da reconstituição de época, cenografia, fotografia e figurinos mais que impecáveis. Com uma direção que opta por close-ups para fortificar as nuances interpretativas, altamente moderado nas tomadas e atento aos mínimos detalhes, recria em planos surpreendentes uma Irlanda campestre e o Brooklin Nova-Iorquino. Mas, nada disto seria algo realmente espetacular, não fosse Saoirse Ronan! Este é seu filme, sua marca, seu magistral salto, sua comprovada maturidade da menina “Hanna” (2011), para uma atriz de 21 anos que toma para si a tarefa de transmitir sentimentos tão profundos, muita das vezes, apenas com seus belos olhos azuis. Saoirse é a alma, o espírito, o catalisador que te fará apaixonar-se por uma história tão simples e vê-la como um drama de época tão delicado como exuberante. Este “indie” (custou apenas 10 milhões), é o cinema clássico e profundamente elegante, que resgata a delicadeza, a sutileza e uma enternecedora visão do romantismo em tons que, infelizmente não se retratam mais. Brooklin é a prova cabal de que a simplicidade narrativa, sem nenhum artifício, quando encontra a intérprete perfeita, resulta em um trabalho excepcional para um mundo tão carente de valores autênticos e mergulhos no de profundis d’almas. Para nós, ficou bem claro que é certeira a indicação para figurino, direção de arte , roteiro adaptado e, óbvio, para melhor atriz!
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