Eis um perfeito exemplo do que faz o cinema comercial ao relatar acontecimentos reais que antecederam uma das obras mais importantes da literatura: Reúne um elenco com nomes conhecidos, coloca uma âncora da moda, (Chris Hemsworth), joga tudo no computador, dá um “enter” e cria efeitos mirabolantes para deleite da platéia...menos exigente e ávida por apenas mais um entretenimento.Uma pena. O abuso da “tela verde” ao fundo, é quase perceptível na maioria das cenas e, óbvio, o objetivo e alçar o status de superprodução com direito a todos efeitos sonoros e visuais em detrimento de um roteiro com o devido aprofundamento dramático extremamente cabível. Um desperdício. O plot também é digamos...conveniente, pois caça as baleias é algo que mobiliza de forma ecologicamente correta um grande número de adeptos e não haveria problemas nisto se a promessa inicial (o embate entre homem e natureza), fosse cumprida e não mudasse o foco para mais uma estória de sobrevivência no mar, algo já visto em muitos trabalhos de qualidade imensamente superior. Durante a continuidade, fica claro a intenção de apenas criar um espetáculo de som e imagem desperdiçando o enorme potencial dramático que não só poderia, caberia e deveria ser aprofundado. Apenas Cillian Murphy e Tom Hollander têm essa oportunidade e a aproveitam com grande eficiência, enquanto Chris Hemsworth vai mais para um caminho de Thor marinheiro ou viking destemido que troca o martelo por um arpão. No mais, a ausência de um núcleo emocional que conquiste o espectador (com exceção de uma cena realmente impactante), faz de “In the Heart of the Sea” um trabalho bem realizado, interessante tecnicamente, de fácil digestão e que navega nas águas rasas do entretenimento sem emoção, rumo ao esquecimento. É uma pena que Ron Howard tenha apostado na grandiloquência dos efeitos e desprezado uma mente brilhante.
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