O primeiro longa metragem produzido pela plataforma Netflix (conforme já havia anunciado em Cannes 2014, que faria), lançado simultaneamente na TV e nos cinemas, teve um dos maiores boicotes que se tem notícia das principais redes de exibidores de cinema. Pois bem, Beasts é extremamente bem realizado e ousa focar e contar uma estória que poderia ser história, sobre o que acontece em países Africanos dizimados por guerras civis. Acompanhar a crueza de crianças que não têm outra escolha de sobrevivência a não ser tornarem-se soldados combatentes, é algo lamentável de se ver; porém real. Seguir uma criança travessa que sofre brutal violência psicológica até se transformar em assassino, embora mantenha reflexões humanitárias transferidas por sua mãe e família, é algo assustador. O tema é forte e não somos poupados de imagens condizentes. Idris Elba é a alma (ou a falta dela), neste trabalho narrado na primeira pessoa pelo menino Abraham Attah em um trabalho que chega a impressionar. Se há algo que destoa do contexto, é a língua inglesa percorrendo 90 % dos diálogos, mas há muitos méritos para os enquadramentos perfeitos e para a trilha sonora. Infelizmente, mais de duas horas de narrativa acaba por baixar o pico de interesse e, mesmo chegando ao seu final com cenas emocionantes, já ficou comprometido pelo meio. Mesmo assim, “Beasts of No Nation” é um projetos audacioso, muito bem realizado, abordando tema atual que a maioria prefere ignorar e, muito superior que vários enlatados feitos para anestesia e descarte que ocupam as telas nessa temporada. Parabéns, Netflix!
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