Roteirizado a partir de um livro que conta uma história verídica dos anos 70, pouco conhecida, passaria fácil por ficção não fosse sua comprovação. O roteiro, acerta a mão nos três atos principalmente por romantizar, de forma competente, alguns momentos inserindo graça, poesia e leveza á narrativa. O tarimbado diretor e roteirista Robert Zemeckis, comete inúmeros acertos e, talvez, o principal é a escalação de Joseph Gordon Levitt para o papel titulo. Levitt incorpora sua personagem com tamanha graça, espontaneidade e seriedade que fica impossível não criar imediata empatia com o público. A escolha do elenco de apoio (os cúmplices), também segue a mesma linha perfeita, mesmo em papeis menores como é o caso do Ben Kingsley. Outro acerto magistral foi a opção pelo formato 3D que se encaixa a perfeição na história funcionando como um verdadeiro casamento plenamente justificado. Aqui, Zemeckis, não utiliza o recurso, nem os efeitos especiais, de forma “apelativa moderninha comercial” e, sim, como um complemento imprescindível e essencial à narrativa. Com fotografia, trilha, montagem, seus conhecidos planos longos e perfeitos, Zemeckis e equipe entregam uma história que vai do lúdico ao Thriller provocando inúmeras sensações e emoções que vão do riso honesto à vertigens, imensidões, tensões no limite e muitos, muitos frios na barriga. Tudo isto com muita elegância e reverencias á cidade de Nova York, as saudosas torres gêmeas e, publico. A travessia é um poema delicado sobre artistas circenses, uma ode a coragem e aos sonhos sonhados que vai te levar, caso você tenha problemas com altura, a alguns momentos de agonia pura, mas que valem cada calafrio na acepção máxima do que é cinema de verdade. #TheWalk é, sem dúvida, um dos melhores e mais bem realizados filmes de 2015, que supera em muito o premiado documentário de 2009, “Man on Wire”, que deixamos como mais uma recomendação sobre esse feito espetacular.
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