Adaptar para as telonas um livro vencedor de um prêmio Pulitzer, cujo estilo literário não é dos mais simples, por certo não deve ter sido trabalho fácil. Talvez e certamente, pelo acerto no roteiro, este filme merece todas as análises das fortíssimas implicações contidas nele. O abissal salto do paraíso para o inferno de um mundo destruído e a sobrevivência nas raias do impossível nele, onde todo e qualquer referencial de vida foi apagado, é um mote que vai muito além de um olhar apenas apocalíptico corriqueiro. As questões presentes em The Road, ainda que não haja mais a noção de tempo, são e vão muito além do inóspito e agruras, mergulhando fundo na eternidade do que é ser humano e esquivando-se com brilhantismo de contar apenas mais uma estória sobre “fim de mundo”. Há muitos filmes sobre este tema e, A ESTRADA, embora, aparentemente, transite por cenários condizentes, envereda por caminhos mais profundos. Se, um olhar menos atento aponta apenas para um mundo exterior devastado e sem esperança, a verdadeira questão está no mundo interior dos dois protagonistas, este sim, repleto de esperanças, abundante em amor, coragem, honra, justiça e piedade. Equidistante anos luz de filmes do tipo “MAD MAX”, não esperem por grandes ações, por uma gama de explosões, muitos tiros, vertiginosas perseguições, e mirabolantes efeitos especiais, pois não há nada disto ( embora o trailer foque nisso), uma vez que, a sensação que nos fica todo o tempo é a de que, a ficção mostrada, seja a realidade da próxima semana. Talvez este seja o maior “terror” a nos assombrar, o tempo todo durante a estória. Com fotografia espetacular, desempenhos magistrais e trilha portentosa, ainda conta com presenças (rápidas) e irreconhecíveis de Robert Duvall e Guy Pearce abrilhantando um trabalho tocante que, certamente, vai mexer profundamente com você. Se, você faz parte dos “caras bons” e ainda carrega a chama da esperança na humanidade, "#TheRoad" torna-se obra obrigatória.
TRAILER