Com um roteiro interessante, mas não novo, sobre o modus vivendi dos moradores de rua de Nova York, e de como o Estado faz tudo para minimizar os problemas dessa enorme população, tinha tudo para ser um drama interessante, mas não é. Ainda que traga uma abordagem visual diferente, com as tomadas a distancia (geralmente obstruídas por vidros/janelas), com a intenção de nos colocar como observadores, essa tentativa de drama não atinge seu objetivo por conta da total falta de empatia que causa eliminando qualquer possibilidade de aproximação e emoções. Acompanhar o personagem de Richard Gere alternado entre bancos de jardins públicos e camas de abrigos em sua “saga” para obter um papel que comprove sua existência e permita-lhe deixar de ser invisível para uma sociedade indiferente, acaba sendo um exercício tedioso. Talvez a falta de falas do personagem e o excesso de falas de outros desimportantes, e a pouca profundidade de todos, colabore para o crescente desinteresse que vai surgindo ao longo da longa narrativa. Gere, em sua introspecção confusa, evidentemente está bem – sempre está-, ainda que com um copo na mão angariando moedas ou nos planos fechados que buscam configurar seu alheamento. Mesmo com uma ótica fílmica que pretende ser inovadora, colorindo cada take em nuances de vermelho, a inexistência de empatia, os buracos de silencio e as longas caminhadas, acabam produzindo no expectador alguns bocejos durante a experiência. Com certeza, a ideia mãe era a de provocar distanciamento e a sensação de vazio, e a realizaram tão bem que resultou em um enorme marasmo cênico. Caso você tenha problema de insônia, não perca.
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