Lançado no Brasil diretamente nas locadoras e ignorado pelo público, é mais uma dessas obras belíssimas e raras que só descobrimos pelo faro analítico ou por indicação de amigos. Que bom e que lástima ao mesmo tempo.
Descrever o esplendor das imagens, das locações reais, sem mácula de computação gráfica fica muito difícil, pois é tarefa para olhos extasiados e não letrinhas limitadas. Porém, tentaremos um breve esboço dessa proposta fabulesca; essa mescla de fantasia e realidade, repleta de doces mentiras, esse sonho ou miragem. “The Fall”, é a prova cabal de que, quando um diretor alça a categoria de gênio, fazer um cinema miraculoso sem ajuda digital é perfeitamente possível. Acho dispensável falar dos figurinos geniais, da fotografia yellow, da edição que é uma verdadeira aula de como fazer cinema, dos cenários reais deslumbrantes, da trilha sonora...espetacular e da plástica irretocável. Deixo essas partes para os amantes do verdadeiro cinema contemplarem com seus próprios olhos, mas dou uma palavrinha sobre a autenticidade do roteiro e das interpretações. Tocante! A interpretação da menininha, Cantica Utaro, é de um naturalismo, espontaneidade e doçura rara de se ver em crianças atuado;pungente! A Fábula em si, pode até não se tornar sua preferida, mas a conjunção com imagem é da categoria de obra prima e, se por acaso você despertar em meio ao sonho, volte a dormir bem rápido e sonhe até a última cena;homenagem singela ao cinema purista. Depois, acorde sorrindo. Não há como escrever mais sobre algo que só é possível compreender vendo. “A história é só um truque para você fazer um favor para mim”.
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