Partindo de uma história real, sob um enfoque quase documental, tenta-se um thriller de alta tensão sobre sobrevivência que escapa da armadilha de propaganda ao heroísmo embora, tente em vão, não perder o pico energético na caminhada. A grande preocupação com o contraste: “Branco, Americano bem sucedido é sequestrado por negros Somalianos miseráveis”, é uma linha bem desenhada para confrontar perspectivas antagônicas. A câmera nervosa na mão, muito próxima aos personagens, capta emoções e tensões permitindo um trabalho de montagem e direção espetacular dos detalhes de um realismo a beira da perfeição, sempre pontuado com esmero pela trilha sonora taquicárdica. Ao tangenciar questões sociais-humanitárias-políticas, deixa as respostas por conta do expectador e passa por um embate psicológico entre os protagonistas que, por sua vez, oferecem um trabalho digno. Vale ver Hanks oferecendo o que faz de melhor, neste que, sem dúvida, é apenas um bom filme que tinha tudo para ser ótimo. “Só sobrevive quem é forte”, fica como mensagem de um trabalho muito bem feito que começa com vigor, mas não o mantêm.
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